(A propósito de CHÁ!) Carreiras Proteanas: O primado da responsabilidade individual

(Nota Introdutória: O artigo que a seguir transcrevo foi produzido por Ana Vargas Santos[1], enérgica dinamizadora da Comunidade de Prática do Observatório Nacional de Recursos Humanos, e, porque fala de um ‘produto’ desenvolvido por mim, trouxe-me tanta ENERGIA, que não pude deixar de o partilhar com TODOS os meus leitores. Obrigado ANA!)

Carreira Proteana – a designação deriva de Proteus, o deus grego que conseguia mudar de forma de acordo com a sua vontade. Uma carreira proteana está sob o controlo do indivíduo e o seu objectivo é a busca de sucesso psicológico através da aprendizagem e mudança contínuas (Hall, 1976).

Numa altura em que a Comissão Europeia estima que haja cerca de 400.000 investigadores europeus a viver e trabalhar nos Estados Unidos, o estudo Talento para el futuro – Claves para generar empleo competitivo en Europa (http://www.accenture.com/Countries/Spain/About_Accenture/TalentoEuropa.htm), publicado pelo Centro de Alto Rendimiento da consultora Accenture, traça um retrato interessante da situação europeia perante a adesão à nova Economia do Conhecimento. A análise centrou-se nos inputs (investimento em formação; taxas de participação educativa; taxas de aprendizagem permanente; investimento em investigação e desenvolvimento) e nos outputs (percentagem de licenciados em cursos de Ciências, Tecnologias e Matemática; nível educativo; número de universidades de dimensão mundial; percentagem de estudantes estrangeiros) de cada país, tendo sido possível retirar as seguintes conclusões:
– As economias dos países nórdicos (Dinamarca, Suécia, Finlândia) tendem a apresentar um resultado superior à média no que respeita aos inputs, mas, curiosamente, o seu resultado em termos de outputs não é tão elevado
– As economias ocidentais de França, Alemanha e Reino Unido registam resultados médios em termos de inputs e um desempenho muito positivo ao nível dos outputs
– As economias mediterrânicas (Itália, Portugal e Espanha) tendem a apresentar resultados que se situam abaixo da média em ambos os indicadores

Como podemos mudar esta situação? O ponto de vista defendido no estudo é o de que o desenvolvimento do Capital Humano é produto da acção coordenada dos indivíduos, das organizações (empresariais, académicas e sociais) e das políticas educativas.

O que nos cabe fazer, enquanto indivíduos? A tendência é para uma cada vez maior auto-responsabilização perante o desenvolvimento dos próprios conhecimentos e competências, em estreita correspondência com as necessidades e tendências actuais do mercado de trabalho. Num mundo de carreiras proteanas, o esforço de auto-capacitação passa a depender de cada pessoa, torna-se uma actividade mais individualizada, e as soluções que vão sendo desenvolvidas vão dando resposta a esta realidade, apresentando métodos tailored made susceptíveis de potenciar a reciclagem de conhecimentos e competências “à medida”.

Tive há dias oportunidade de conhecer um novo projecto desenvolvido por um dos membros da nossa Comunidade, o Dr. Luís Cochofel, que se enquadra, a meu ver, nesta nova abordagem. A ideia gira em torno da palavra CHÁ! (http://cha-tea.webs.com/oconceito.htm). Chá porque, enquanto produto, resulta da operação minuciosa de uma séria de procedimentos, tal como sucede com o desenvolvimento de um profissional. Chá também porque as três letras que compõem a palavra são também as letras que iniciam as designações dos ingredientes necessários à preparação de um bom profissional – Conhecimento, Habilidade e Atitude.

Trata-se portanto de um método de apoio ao desenvolvimento individual de profissionais, baseado na utilização de uma ferramenta de auto-avaliação que simultaneamente aponta soluções concretas de melhoria e permite a auto-monitorização do processo efectuado.

A ideia foi recentemente apresentada publicamente no Porto, e desde então o retorno, traduzido pela afluência ao site e pelo número de pedidos de apoio na preparação de Planos de Acção para a Melhoria, tem sido muito interessante.
A apresentação pública do projecto em Lisboa deverá ocorrer nos primeiros dias de Março, a convite de um dos responsáveis pelo Espaço Ávila – Centro de Negócios.
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[1]Ana Vargas Santos: Mestre em Psicologia do Trabalho, das Organizações e dos Recursos Humanos pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e pelo Institut de Psychologie de l’Université Paris Descartes. Colaboradora da QUAL, onde desempenha funções de Dinamizadora da Comunidade de Prática do Observatório Nacional de Recursos Humanos.

Publicado por Luís Cochofel

Um 'lírico' (para o bem e para o mal...) que gosta desta frase: 'O problema do Homem não está em colocar os seus alvos muito alto e falhar, mas, antes, em os colocar demasiado em baixo e acertar!' Michelangelo - Nascido antes de mim um bom par de anos...

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